Palestra com André Lara Resende discute discute as ameaças à dominância internacional do dólar

Na quinta-feira (18/9), o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) realizou uma palestra com o Conselheiro André Lara Resende para debater sobre "O dólar e as novas múltiplas ameaças à sua dominância internacional".

O evento contou com a abertura de José Pio Borges, Presidente do Conselho Curador do CEBRI, e comentários do Conselheiro Consultivo e Internacional, Embaixador Marcos Caramuru.

Em sua exposição, André Lara Resende destacou que a posição do dólar como principal moeda de reserva global garantiu aos Estados Unidos um “privilégio exorbitante”: a capacidade de financiar seus déficits sem acumular reservas internacionais. Contudo, esse papel também envolve fragilidades, como já apontava o Dilema de Triffin, segundo o qual a necessidade de gerar liquidez mundial exige déficits externos crescentes, o que, poderia comprometer a confiança na própria moeda a longo prazo.

O economista observou que, embora o dólar ainda desfrute da estabilidade como moeda dominante, vários de seus pilares de credibilidade vêm sendo abalados por instabilidades políticas e jurídicas sob o mandato de Trump, pela ascensão das moedas digitais e pela crescente complexidade do cenário geopolítico.

Diante disso, traçou dois cenários possíveis: a continuidade da perda gradual de relevância do dólar, sem que surja uma alternativa clara, o que poderia fragmentar o sistema financeiro internacional e enfraquecer a governança multilateral; ou, em um segunda conjuntura, sua substituição por outra moeda de reserva, tendo a China como única candidata viável.

Diante dos cenários apresentados, o Conselheiro Consultivo e Internacional do CEBRI, Marcos Caramuru, trouxe a perspectiva chinesa, analisando as estratégias de Pequim para ampliar o papel internacional do renminbi (RMB). Entre as iniciativas destacadas estão os acordos de swap cambial, sistemas de compensação e o avanço do Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS) como alternativa à Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT).

Em comum, as análises apontam para um cenário de transição no sistema monetário internacional, no qual compreender riscos e alternativas será essencial para a política externa e financeira de países como o Brasil.

 

 

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