CEBRI e Eurasia Group realizam debate sobre Diplomacia, Tarifas e Eleições 2026

O atual ambiente de confrontação entre Brasília e Washington projeta incertezas sobre seus impactos para o Brasil. Diante desse cenário, o Programa de Geopolítica do CEBRI e o Eurasia Group realizaram, na quarta-feira (10/09), o evento Washington–Brasília sob Pressão: Diplomacia, Tarifas e Eleições 2026”, na Casa COP, no Rio de Janeiro.

A abertura contou com Luiz Ildefonso Simões Lopes, Vice-Presidente do CEBRI e Vice-Presidente da Brookfield Brasil, e moderação de Christopher Garman, Diretor Executivo para as Américas do Eurasia Group.

Com o objetivo de debater cenários políticos e econômicos no horizonte imediato e de médio prazo, o debate reuniu especialistas de destaque em economia e relações internacionais: Pedro Malan, Conselheiro Emérito do CEBRI; Lia Valls Pereira, Senior Fellow do CEBRI e Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); e Silvio Cascione, Diretor do Eurasia Group no Brasil.

Durante a discussão, os participantes ressaltaram que a estratégia da administração Trump, baseada em tarifas generalizadas, desregulação e políticas migratórias restritivas, amplia a volatilidade do comércio global e introduz um fator de incerteza maior que a oscilação cambial, uma vez que não há mecanismos de proteção contra tarifas. 

Os especialistas também apontaram que, embora os impactos macroeconômicos possam parecer limitados, os efeitos microeconômicos são profundos, sobretudo para indústrias altamente dependentes do mercado norte-americano. A possibilidade de sanções financeiras adicionais contra empresas brasileiras ou instituições como o Banco do Brasil foi destacada como risco que poderia agravar a incerteza no sistema financeiro.

No campo político e diplomático, ressaltou-se a cautela da Presidência brasileira em evitar contato direto com Trump, priorizando canais alternativos como o vice-presidente Geraldo Alckmin, em meio à baixa disposição da Casa Branca em negociar além de seus temas prioritários. Nesse contexto, foram debatidas possíveis contramedidas brasileiras, incluindo tarifas seletivas, restrições a empresas americanas e medidas relacionadas à propriedade intelectual.

Em relação ao cenário eleitoral de 2026, o debate enfatizou a influência que a dinâmica internacional pode exercer sobre o processo político doméstico.

Por fim, foram apresentadas recomendações estratégicas: evitar confrontos diretos com os EUA e manter uma diplomacia de contenção; diversificar mercados externos para reduzir dependência do comércio norte-americano; estruturar respostas escalonadas que preservem margem de manobra; e reforçar a imagem do Brasil como ator responsável no cenário multilateral, comprometido com previsibilidade e estabilidade do comércio global.

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