COP30: minerais críticos, transição energética e agricultura tropical sustentável em pauta

  • 17 novembro 2025

Entre os dias 14 e 17 de novembro, o CEBRI avançou sua programação na COP30 com uma série de debates na Blue Zone e na Casa Diálogo. A agenda reuniu autoridades ministeriais, especialistas internacionais, pesquisadores e lideranças empresariais para aprofundar discussões sobre minerais críticos, prontidão de mercado para energias renováveis e questões civilizatórias que moldam o futuro a partir das transformações vivenciadas no século XXI.

14 de novembro

From Mines to Grids: Ministerial Dialogue on Critical Minerals for the Energy Transition

Coorganizado pelo CEBRI, pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Global Clean Power Alliance (GCPA), o painel reuniu representantes de governos, organismos multilaterais e setor privado para discutir como aumentar a oferta global de minerais críticos de forma responsável, assegurando transparência, sustentabilidade e benefícios socioeconômicos para as comunidades locais.

A Secretária Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Ana Paula Bittencourt, destacou a necessidade de salvaguardas ambientais e sociais que permitam ao Brasil expandir sua produção com segurança jurídica, responsabilidade e maior agregação de valor em cadeias como nióbio, lítio, cobre, grafite, terras raras e fosfato — essencial para a segurança alimentar global.

Representando o Reino Unido, a Ministra Katie White (GCPA) enfatizou que acelerar a transição energética exige cadeias de suprimentos resilientes, diversificadas e de baixo carbono, com investimentos em dados de qualidade, manufatura, inovação e estratégias de circularidade.

Também participaram o Príncipe Jaime dos Países Baixos, que reforçou a importância da mineração responsável e do valor local capturado pelos países produtores; representantes do IBRAM, que defenderam maior cooperação Sul–Sul e regimes fiscais atrativos; Solange Ribeiro (Neoenergia), que destacou a necessidade de inovação, de-risking e arranjos industriais que promovam prosperidade compartilhada; Demetrios Papathanasiou (Banco Mundial), que apresentou o novo plano de expansão de investimentos em metais e mineração; e Luciana Costa (BNDES), que detalhou iniciativas do banco para financiar projetos greenfield, apoiar empresas juniores e viabilizar mecanismos de garantia ao setor.

Encerrando o debate, Mariana Espécie ressaltou que minerais críticos são habilitadores centrais da transição energética e que o Brasil deve fortalecer sua governança, ampliando parcerias internacionais e ouvindo todos os atores do ecossistema para avançar esse debate nos próximos meses.

From Net Zero Roadmaps to Action: Advancing Market Readiness for Renewables and Low-Carbon Solutions

Realizado na Casa Diálogo, a mesa-redonda integrou a Segunda Fase do Programa de Transição Energética do CEBRI (PTE2) e teve como objetivo apresentar os caminhos do Brasil rumo a uma economia Net Zero e discutir os principais habilitadores para escalar as energias renováveis e as indústrias de baixo carbono.

Organizado pelo CEBRI e pela Scatec, em parceria com BNDES, BID, Cenergia (Coppe/UFRJ), EPE, FIPE e MRTS, patrocínio de bp, EDP, Engie, Equinor, ExxonMobil, Shell, Siemens Energy e Vibra, e com apoio do escritório Veirano Advogados, o painel reuniu formuladores de políticas públicas, instituições financeiras e especialistas internacionais para discutir como infraestrutura, tecnologia, regulação e financiamento podem fortalecer a competitividade e destravar novas oportunidades de investimento na transição energética.

16 de novembro

Ser Humano Amanhã

O CEBRI, em parceria com o Museu do Amanhã e o Instituto Inhotim, realizou o evento “Ser Humano Amanhã”, no Museu das Amazônias, em Belém. A iniciativa buscou refletir sobre o significado de ser humano em um tempo descrito por Zygmunt Bauman como marcado por “sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível”. Em um contexto de transformações tecnológicas, ambientais e sociais aceleradas, o debate explorou questões fundamentais: o que é ser humano hoje? O que será ser humano amanhã?

A discussão aproximou a vivência da COP de temas como planetarismo, ecohumanismo, pós-humanismo e transhumanismo: perspectivas que reinterpretam a relação entre humanidade, natureza e tecnologia em meio a múltiplas crises interconectadas. Também se discutiu como diferentes campos (do multilateralismo à academia, da tecnologia à educação, da cultura às artes e aos museus) estão reagindo ou contribuindo para moldar essas tendências.

Participaram do encontro Izabella Teixeira, Conselheira Consultiva e Internacional do CEBRI e ex-Ministra do Meio Ambiente; Alita Mariah, Diretora de Natureza, Operações e Infraestrutura do Instituto Inhotim; Fábio Scarano, Curador do Museu do Amanhã, titular da Cátedra Unesco de Alfabetização em Futuros, e Professor Titular de Ecologia da UFRJ, com mediação da jornalista Maria Clara Parente.

As discussões evidenciaram que a crise climática e o avanço tecnológico reorganizam profundamente as referências éticas e políticas da vida contemporânea, demandando novas formas de multilateralismo, educação, cultura científica e responsabilidade coletiva.

Em sua fala, Izabella Teixeira destacou:

  • o desafio de reconhecer a natureza como ator político;

  • o papel de soluções baseadas na natureza para responder às policrises;

  • a necessidade de reconectar sociedade, política e meio ambiente;

  • a reflexão sobre como a humanidade se coloca diante da natureza e sobre seu papel como agente de transformação.
  • e a compreensão de que a construção de futuros desejáveis depende da ação humana, da ciência e da capacidade de integrar tecnologia e ecologia de forma consciente.

17 de novembro

Agricultura Tropical Sustentável: Aprimorando a Segurança Alimentar com Soluções de Baixo Carbono

A mesa-redonda discutiu como métricas globais de sustentabilidade podem refletir melhor as realidades da agricultura tropical, promovendo justiça climática, reduzindo desigualdades e impulsionando sistemas alimentares de baixo carbono. O debate também destacou o papel da tecnologia e da rastreabilidade na construção de cadeias agrícolas mais sustentáveis.

O evento contou com apresentação do Conselheiro Marcos Jank, que abordou o paper recém-publicado pelo Insper Agro Global, intitulado "Diagnóstico e reposicionamento político e estratégico da agricultura tropical". O estudo analisa o estado atual da agricultura tropical, avaliando criticamente seu desenvolvimento e identificando os principais entraves e potencialidades.

O debate também contou com a participação de Eduardo Bastos, CEO da ABAG; Roberto Castro, Líder de Stewardship no Brasil e Especialista em Agricultura Tropical Sustentável da Syngenta; Diego Cadete, Head do Vertical Food & Beverage Brasil da Siemens; e Filipe Guimarães Graça, Head de Relações Corporativas & Experiência no Cubo Itaú, com comentários da Conselheira Consultiva e Internacional do CEBRI, Izabella Teixeira.

Compartilhe

MAIS NOTíCIAS