No dia 26 de junho de 2025, o CEBRI esteve presente no Palácio do Itamaraty para um diálogo democrático com o seminário "A Sociedade Brasileira e a Política Externa". O evento marcou um momento histórico ao reunir, em mesas de discussão, desde ministros e diplomatas até lideranças indígenas, representantes do movimento negro, acadêmicos e sindicalistas - todos com igual direito à palavra na construção da política externa brasileira. Representaram a instituição o Conselheiro Consultivo de Relações Institucionais e Governamentais, Embaixador Antonio Souza e Silva, e a Diretora Adjunta Especialista em Geopolítica e Comércio Internacional, Ariane Costa.
Pela manhã, as discussões revelaram como as profundas transformações geopolíticas globais impactam diretamente a vida dos brasileiros. A professora Cristina Pecequilo alertou sobre os riscos da nova ordem multipolar, enquanto Laura Waisbich (Instituto Igarapé) destacou oportunidades para o Brasil em meio às crises internacionais. O debate ganhou contornos concretos quando Sueme Mori (CNA) mostrou como as barreiras comerciais afetam os produtores rurais, e Manuella Mirella (UNE), defendeu maior integração acadêmica com países do Sul Geopolítico.
O seminário inovou ao colocar povos indígenas e movimento negro no centro das decisões sobre política internacional. Dinamam Tuxá (APIB) lançou uma provocação que ressoou no auditório: "Quantos diplomatas indígenas temos no Itamaraty?". Já Wania Sant'Anna apresentou dados contundentes, destacando como a política externa pode ser uma ferramenta no enfrentamento do racismo estrutural.
A discussão também abordou propostas concretas para institucionalizar a participação social. Maria Regina Soares de Lima (IESP-UERJ) apresentou modelos bem-sucedidos de outros países, enquanto João Pedro Stédile (MST) defendeu que "a política externa não pode ser feita apenas por elites". O ministro Mauro Vieira assumiu o compromisso de criar um conselho permanente de participação social no MRE, recebendo aplausos da plateia.
Ao final do dia, ficou claro que o Brasil está escrevendo um novo capítulo em sua história diplomática. Não se trata mais de decidir "para" a sociedade, mas "com" a sociedade. O seminário mostrou que a força da política externa brasileira no século XXI virá justamente dessa capacidade de ouvir e incorporar suas múltiplas vozes - dos salões do Itamaraty às aldeias indígenas, das universidades aos sindicatos. Um novo paradigma se anuncia, onde a diplomacia será tão diversa quanto o próprio povo brasileiro.
Mediados por especialistas do IPEA e de instituições parceiras, os debates ressaltaram a importância da articulação entre governos, academia e setor privado para impulsionar agendas transformadoras. A sessão de encerramento reforçou o compromisso dos países do BRICS em avançar rumo a uma cooperação multilateral mais inclusiva e eficaz, preparando o terreno para futuras iniciativas conjuntas. Com a conclusão do evento, o Brasil reafirma seu papel central na promoção do diálogo global, conectando vozes diversas em prol de um desenvolvimento sustentável e equitativo.