O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) esteve presente na Climate Action Innovation Zone, em São Paulo, entre os dias 6 e 8 de novembro de 2025. A iniciativa, realizada pela organização independente londrina Climate Action, buscou articular líderes globais dos setores empresarial, financeiro, governamental e da sociedade civil para debater a agenda de implementação climática antes da COP30, em Belém (PA).
A participação do CEBRI contemplou especialistas das agendas de Meio Ambiente, Transição Climática e Energética, integrando a programação principal da Sustainable Innovation Forum e do Climate Implementation Summit, dois espaços de diálogo sobre soluções e investimentos para a transição global de baixo carbono.
Nos dias 6 e 7 de novembro, o Sustainable Innovation Forum 2025 destacou o papel do setor privado na aceleração da ação climática. No primeiro dia, Rafaela Guedes, Senior Fellow do CEBRI, e Clarissa Lins, Conselheira Consultiva e Internacional do CEBRI e sócia-fundadora da Catavento, participaram do painel “Critical Materials: Meeting Global Demand Responsibly”, que discutiu os desafios da mineração sustentável, rastreabilidade e transparência nas cadeias produtivas, e o papel da inovação na oferta responsável de minerais críticos.
Durante o debate, Clarissa Lins ressaltou que “investidores precisam de previsibilidade regulatória e de um ambiente institucional que valorize a transparência e a economia circular como fundamentos para a sustentabilidade de longo prazo”.
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No mesmo dia, o CEBRI e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) promoveram a mesa-redonda “Mineração Sustentável e Transição Energética: Destravando Investimentos e Fomentando as Potencialidades do Brasil no Setor”, que apresentou o Relatório Executivo da segunda fase do Programa de Transição Energética (PTE). O estudo, conduzido em parceria com Cenergia/COPPE/UFRJ, CETEM e SGB, analisa o impacto da transição energética na demanda por minerais críticos até 2050 e o potencial brasileiro para atender ao mercado global. O projeto conta ainda com a parceria do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e o patrocínio da BHP e da Vale, além do apoio institucional do BMA Advogados.
A moderação foi conduzida por Rafaela Guedes, que destacou que “a transição energética requer modelos regulatórios e financeiros capazes de alinhar oferta e demanda de minerais estratégicos, com ênfase na responsabilidade ambiental e na criação de valor local”.
A mesa também enfatizou a necessidade de ampliar o mapeamento geológico, garantir infraestrutura adequada e promover licenciamento transparente e previsível, elementos essenciais para destravar investimentos em áreas de exploração sustentável e atrair capital para projetos greenfield.

No segundo dia do Fórum, Izabella Teixeira, Conselheira Consultiva e Internacional do CEBRI e Ex-Ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas do Brasil, participou como keynote speaker. Em sua fala, Izabella destacou que “esta é a primeira COP em que o debate climático é tratado como uma questão do presente, não apenas do futuro”. Para ela, o Brasil tem uma posição estratégica ao integrar clima, biodiversidade e desenvolvimento no debate global — e precisa assumir um papel ativo na construção de uma nova economia climática, baseada em conectividade, segurança de dados e gestão inteligente da informação.
A ex-ministra também apontou que o país “inseriu o clima na agenda do G20 e dos BRICS+, com o propósito de oferecer soluções concretas e reconstruir os pilares de liderança e confiança global”.
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Encerrando a participação do CEBRI, o Climate Implementation Summit, realizado no dia 8 de novembro, reforçou o papel do Brasil na “COP da Implementação”. O encontro foi coorganizado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), Converge Capital e Climate Action, e contou com a presença de representantes da Presidência da COP30, de ministros de finanças e de líderes internacionais.
No painel “Do Acordo de Paris à Década de Implementação”, Izabella Teixeira destacou que “a liderança global precisa ser renovada: o setor privado e a ciência devem assumir papéis políticos”. Ela propôs uma transição de paradigma (da transição energética para a transição de recursos), conectando os debates sobre economia, poder e sustentabilidade. Segundo Izabella, “a valorização da Amazônia, por meio do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), conecta florestas, minerais e poder, pavimentando o caminho para uma nova economia baseada na bioeconomia, circularidade e modelos regenerativos”.
A presença do CEBRI na Climate Innovation Zone reafirma o papel do think tank como espaço de articulação entre conhecimento técnico e diálogo estratégico, em linha com sua missão de posicionar o Brasil no centro da ação climática global.