O papel do Brasil na agenda global de minerais críticos: insights no âmbito da RCAW

Durante a Rio Climate Action Week, o CEBRI promove uma série de debates sobre ação climática e transição energética, reunindo representantes dos setores público, privado, acadêmico e da sociedade civil para impulsionar soluções concretas rumo à COP30.

Dia 3 | Minerals Day — Do potencial à prática: Caminhos para a integração competitiva do Brasil à cadeia global de minerais

O quarto evento da semana foi realizado pelo Programa de Minerais Críticos e Estratégicos do CEBRI, coorganizado com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e apoiado pelo BMA Advogados. O evento reuniu representantes do setor privado, pesquisadores, representantes do governo, lideranças da sociedade civil e outras agências especializadas em mineração.

A mesa redonda teve como foco o potencial brasileiro na cadeia de abastecimento de minerais críticos e estratégicos. Foi realizada no âmbito do projeto “O papel do Brasil na Agenda Global de Minerais Estratégicos”, em parceria com Cenergia, COPPE, Instituto Clima e Sociedade (iCS), CETEM e SGB, e patrocinado por BHP e Vale.

O evento foi aberto com falas institucionais de Márcio Pereira, Sócio do BMA Advogados, e José Pio Borges, Presidente do Conselho Curador do CEBRI, nas quais ambos destacaram a importância da iniciativa e da cooperação entre diferentes atores diante do cenário geopolítico atual.

Em seguida, ocorreu o painel “Os minerais na geopolítica do século XXI – tendências e riscos”. Nele, Raul Jungmann, Diretor-Presidente do IBRAM, destacou que o Brasil precisa de um mercado de capitais sólido para mineração e de políticas nacionais específicas. Ressaltou também a satisfação em ver o Brasil reconhecer o valor estratégico da mineração e chamou atenção para a necessidade de maior mapeamento do subsolo nacional.

Na sequência, Izabella Teixeira, Conselheira Consultiva Internacional do CEBRI e ex-Ministra do Meio Ambiente, salientou a atual erosão do multilateralismo e ressaltou como a COP30 se apresenta como uma promessa diplomática concreta. Ela também afirmou que estamos vivendo uma transição no uso de recursos naturais (land resources transition) e que, para o Brasil liderar esse processo, é necessário assumir riscos, ser competitivo e oferecer soluções. Para concluir o painel, o Embaixador André Corrêa do Lago, Presidente da COP30, reforçou que a cúpula brasileira aposta na ação e implementação, a partir de consensos previamente estabelecidos. Reafirmou ainda que a COP será uma oportunidade indispensável para o Brasil demonstrar seu potencial, seja em minerais estratégicos, seja em florestas, seja em desenvolvimento tecnológico. O painel contou com a moderação de Clarissa Lins, Chair do Programa de Transição Energética do CEBRI e Sócia-Fundadora da Catavento.

No segundo painel, Rafaela Guedes, Senior Fellow do CEBRI e Consultora Internacional da APCO, apresentou os resultados preliminares do projeto “O papel do Brasil na Agenda Global de Minerais Estratégicos” e moderou um painel cujo objetivo foi coletar contribuições para o estudo. O primeiro comentário foi de Caio Seabra, Diretor da ANM, que destacou a necessidade de dinamizar o setor de mineração com uso de tecnologias adequadas, além de um regime tributário e regulatório capaz de enfrentar problemas como a ociosidade de áreas já outorgadas. Depois, Emir Calluf, CEO da BHP Brasil, ressaltou a importância de o Brasil se apresentar como um país estável, o que pode atrair investimentos, especialmente em agrominerais impactados pelo conflito russo-ucraniano.

Edson Ribeiro, Diretor de Exploração, Recursos e Reservas Minerais da Vale, trouxe a visão de que a mineração em si deve ser considerada crítica, e não apenas os minerais. Ele também destacou que o Brasil deve mapear as cadeias globais de minerais para identificar onde se concentra o maior valor agregado. Representando a região Norte, Emerson Rocha, Diretor Executivo da Simineral, destacou a relevância do Pará para o setor mineral e como a cooperação entre sociedade, mineradoras e governo tem sido crucial para a entrega da infraestrutura da COP30.

Mathias Becker, Sócio da Systemiq, chamou atenção para demandas ocultas que precisam ser exploradas e apresentou um panorama dos desafios de oferta e demanda para minerais ferrosos e não ferrosos. Por fim, trazendo uma perspectiva subnacional, Raphael Martins, Subsecretário de Inovação e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, apresentou diversas iniciativas do governo estadual no setor mineral e destacou o protagonismo de Goiás nas reservas e produção de terras raras, especialmente em Serra Verde — o único produtor em escala comercial fora da Ásia de quatro elementos de terras raras críticos para tecnologias modernas.

Compartilhe

MAIS NOTíCIAS