Nesta segunda-feira (28/4), o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) promoveu a mesa-redonda "100 Dias de Trump e a Nova Geopolítica: O Brasil diante de China e EUA", organizada em parceria com a Fundação Konrad Adenauer no Brasil (KAS Brasil) e com o apoio do escritório Pinheiro Neto Advogados, integrante da rede de associados do CEBRI.
O retorno de Donald Trump à presidência dos EUA marcou uma mudança significativa com efeitos em escala global,caracterizado por crescentes incertezas e pelo distanciamento dos EUA de acordos de livre comércio. Especialistas reuniram-se para analisar os impactos dessa conjuntura nos diálogos estratégicos do Brasil com a China e com a Europa — atores centrais na agenda comercial e diplomática brasileira.
A abertura institucional do evento foi conduzida por José Pio Borges, Presidente do Conselho Curador do CEBRI, Maximilian Hedrich, Diretor da KAS Brasil, e Renê G. S. Medrado, Sócio da Pinheiro Neto Advogados. Na sequência, Ariane Costa, Diretora Adjunta do Programa de Geopolítica do CEBRI, e Matias Spektor, Senior Fellow do CEBRI e Professor Titular da Escola de Relações Internacionais da FGV, conduziram a apresentação e a análise inicial dos painéis temáticos, com foco nas transformações geopolíticas e nos desdobramentos para o comércio internacional.
O primeiro painel reuniu Abrão Neto, Senior Fellow do CEBRI e CEO da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Constanza Negri, Gerente de Diplomacia Empresarial e Competitividade do Comércio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Sherpa do B20 Brasil, e Welber Barral, Conselheiro e Sócio Fundador da BMJ Consultoria e Secretário de Comércio Exterior do Brasil (2007-2011).
Os especialistas discutiram as mudanças já perceptíveis na política comercial dos Estados Unidos nos primeiros meses do novo mandato de Trump, abordando tanto as transformações estruturais no regime global de comércio quanto seus efeitos diretos sobre as exportações brasileiras. O painel também abordou os principais riscos e oportunidades que se apresentam para o Brasil diante da reconfiguração das normas e fluxos do comércio internacional, além de refletir sobre como os movimentos iniciais da política externa estadunidense estão sendo interpretados por outros atores globais, como a China e a União Europeia.
O segundo painel contou com a participação do Embaixador Rubens Ricupero, Conselheiro Emérito do CEBRI e Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) entre 1995 e 2004, Monica Herz, Senior Fellow do CEBRI e Professora Titular do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, e Silvio Cascione, Head do Escritório da Eurasia Group no Brasil.
A discussão abordou os principais pontos de tensão entre Estados Unidos e China, como a disputa por hegemonia tecnológica e industrial, seus impactos sobre as cadeias globais de suprimentos e os reflexos para o Brasil. Os especialistas exploraram os desafios e oportunidades que essa rivalidade estratégica impõe ao país, como a necessidade de diversificação de parceiros e o reposicionamento em cadeias produtivas globais. Também foi debatido como a União Europeia tem reagido a esse cenário de crescente polarização, e quais implicações isso traz para o equilíbrio geopolítico global.