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Invasão da Ucrânia e ascensão de governos autocratas são ameaças para eleições brasileiras, dizem especialistas do CEBRI

Nesta quinta-feira (24), o Núcleo Democracia do CEBRI promoveu o debate “Como o mundo interfere em nossas eleições?”. Para assistir na íntegra, clique aqui. A recente invasão russa na Ucrânia e a ascensão de governos autocratas no mundo representam uma ameaça às próximas eleições no Brasil, disseram especialistas que participaram do painel. A política externa do atual governo brasileiro com países da Europa, América Latina e os Estados Unidos e a recente visita do presidente Bolsonaro à Rússia, vista como inoportuna, estiveram no centro do debate. 

“Os ventos do mundo influenciam no Brasil de 2022”, disse Pedro Malan. O Conselheiro Emérito do CEBRI mencionou a relação de proximidade do presidente Jair Bolsonaro com Steve Bannon, estrategista da campanha do ex-presidente Donald Trump, e alertou para o risco das fake news no próximo pleito brasileiro: “Não subestimo a retomada desse relacionamento, tendo em vista que um dos filhos do presidente Bolsonaro foi escolhido para liderar na América Latina o movimento de extrema-direita comandado por Steve Bannon. Existe a preocupação e aqui não cabe mais influência, mas sim interferência nas eleições brasileiras. Nas próximas eleições, as fake news podem assumir uma nova e crescente proporção”, alertou. 

Malan citou no debate um estudo da Economist Intelligence Unit, publicado recentemente, que analisa a erosão da democracia em 177 países no mundo. O Conselheiro do CEBRI pontuou que as eleições deste deste ano nos Estados Unidos, as chamadas midterm elections, podem ter influência no processo eleitoral brasileiro, destacando que Trump ainda é uma força política importante naquele país. O lançamento da Truth, nova rede social do ex-presidente americano e o uso do Telegram no Brasil são fatores que preocupam, segundo o Conselheiro do CEBRI.

O cientista político Demétrio Magnoli destacou a questão ambiental e a influência negativa nas relações comerciais brasileiras: “O Brasil é um ator central no que diz respeito às mudanças climáticas e aos acordos ambientais. No governo Bolsonaro, esse grande ativo brasileiro na política internacional foi perdido. Os governos europeus encaram Bolsonaro como um negacionista das mudanças climáticas. Isso pode ter influência nas articulações aqui no Brasil. A Europa está preparada, dentro do seu programa de transição verde, para impor custos nas exportações brasileiras”, alertou. 

Este foi o segundo debate do Núcleo Democracia do CEBRI, grupo que se propõe a analisar a democracia no Brasil e no mundo e que tem como líder o acadêmico, advogado e escritor Joaquim Falcão. 

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