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Seção Especial

A experiência e o legado do G20 Brasil

Lições do país no cenário global

Resumo

A atuação do Brasil na presidência do G20, e particularmente no B20, em 2024, demonstrou um alinhamento estratégico com as prioridades globais, permitindo a proposição de soluções inovadoras e a materialização de expectativas em ações concretas. A experiência brasileira contribui para o legado do B20 ao enfatizar a relevância de temas urgentes como a descarbonização e a transformação digital, refletindo o engajamento do país em direcionar suas políticas envolvendo o setor privado para conquistas significativas no cenário mundial, além da ampliação da participação de grupos sub-representados, em especial mulheres, e o compromisso da continuidade dessas políticas.

Palavras-chave:

legado do B20; G20 Brasil; engajamento privado; desafios globais; inovação estratégica.
Foto oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2024. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presente artigo trata da experiência e do legado de engajamento do Brasil no Business 20 (B20) durante a presidência brasileira do G20, em 2024, delineando a experiência brilhante e o legado perene do B20 Brasil, sob minha perspectiva enquanto chair, em um período crítico de presidência do Brasil no G20. A abordagem adotada neste trabalho representa uma reflexão qualificada sobre os esforços empreendidos e os caminhos a trilhar no futuro próximo. A narrativa é dividida em três seções principais: o processo e engajamento no B20; os resultados alcançados; e as expectativas no que tange à continuidade e aos desafios advindos dessa experiência.

O PROCESSO E O ENGAJAMENTO NO B20

O ano de 2024 foi marcante para o Brasil no cenário global, com a liderança do G20 e, por consequência, do B20 – a voz do setor empresarial no fórum. A governança do B20 centrada no Brasil teve êxito em ampliar a participação de atores diversificados e integrar o setor privado nas discussões de pautas como a transição energética e o avanço tecnológico, sempre considerando a sustentabilidade e a inclusão social. 

Para estruturar as discussões, sete forças-tarefa e um conselho de ação foram criados, abordando temas diversos, mas fundamentais, tais como Finanças e Infraestrutura, Emprego e Educação, Integridade e Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios. Ao longo do ciclo do B20 Brasil, 24 recomendações de políticas públicas foram formuladas e apresentadas à presidência do G20, entregues em mãos ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, articulando os interesses do setor produtivo com os imperativos de políticas públicas eficientes, mensuráveis e escaláveis.

O B20, como promotor da colaboração empresarial internacional, estabeleceu diretrizes estratégicas que abarcam diversos setores críticos à luz dos desafios contemporâneos da sustentabilidade e inovação sistêmica.

No contexto de Finanças e Infraestrutura, a atuação do B20 se concentrou em dinamizar a alocação de capital privado para facilitar a transição para uma economia sustentável de baixa emissão de carbono. Entre as ações prioritárias estiveram a revisão do financiamento do setor público, objetivando melhorar a eficiência de alocação de capital em prol do financiamento climático, e a discussão sobre políticas de capital regulatório e das agências classificadoras de risco, com vistas a reforçar a mobilização de capital privado para investimentos climáticos. A motivação respaldou-se na necessidade, segundo a COP28 e o Climate Policy Initiative, de um investimento anual de US$ 5 a US$ 8,5 bilhões até 2030 para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados à agenda climática da ONU.

Concernente à Transição Energética e Clima, o desenvolvimento acelerado e a adoção de soluções de energia renovável e sustentável foram identificados como meios para impulsionar a descarbonização nos curto e longo prazos, estimulando a segurança energética. Políticas e regulamentações para a expansão da capacidade energética renovável, ampla eletrificação e o estímulo à utilização de bioenergia e biocombustíveis são destacados como medidas prioritárias. Adicionalmente, foi dada atenção às soluções para o net zero, como a captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS), hidrogênio limpo e energia nuclear. Esses esforços foram urgentemente recomendados em virtude das estimativas do Fórum Econômico Mundial, que preveem a ocorrência de 14,5 milhões de mortes e perdas econômicas globais de US$ 12,5 trilhões até 2050 devido às alterações climáticas.

O trabalho da Força-Tarefa de Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura foi marcado pela proposição de modelos de financiamento e colaboração inovadores, visando a uma transição para sistemas alimentares resilientes e sustentáveis. Os países do G20 foram exortados a utilizar mecanismos de financiamento combinados e desenvolver uma estrutura regulatória para a geração de créditos interoperáveis de alta integridade para serviços ambientais. O relatório Growing Better da The Food and Land Use Coalition (FOLU) fundamenta essa direção, argumentando que um financiamento anual entre US$ 300 e US$ 350 bilhões é necessário até 2030 para suportar tais transformações.

Na área de Comércio e Investimento, o fórum salientou a necessidade de cultivar negócios e investimentos resilientes e sustentáveis, sendo priorizadas a institucionalização de metodologias para a mensuração da pegada de carbono e a implementação de boas práticas regulatórias. As regulações governamentais sobre mudanças climáticas e as respectivas adaptações requeridas nas cadeias de suprimentos serviram de impulso para a revisão de políticas comerciais restritivas implementadas unilateralmente pelo G20 nos últimos três anos, que impactaram 11,8% das importações do grupo em outubro de 2023, equivalentes a aproximadamente US$ 2,287 bilhões.

O inovativo, nesta edição do B20, Conselho de Ação de Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios, recebeu particular ênfase no sentido de promover um mercado de trabalho implementando orçamentos públicos para educação acessível e práticas de IA sem viés. Um relatório da McKinsey ressaltou a GenAI com potencial de gerar US$ 7 trilhões anuais de riqueza; no entanto, também realçou o perigo de aprofundar desigualdades existentes se não forem aplicadas correções aos padrões vigentes. Em 2022, apenas 30% dos talentos na área de IA eram mulheres, segundo o relatório Global Gender Gap do Fórum Econômico Mundial.

No que concerne ao tema Emprego e Educação, o B20 sublinhou a importância de desenvolver uma força de trabalho robusta e produtiva, fortalecendo competências em digitalização e sustentabilidade, e incrementando a relevância e a qualidade da educação. Estatísticas da OCDE revelam que 58% dos empregos demandam pelo menos um nível básico de proficiência digital e, segundo a UNESCO, 63% dos professores em países de baixa renda não estavam devidamente qualificados para utilizar ferramentas digitais no ensino. Além disso, com base em pesquisas do ManpowerGroup, os empregadores reportaram dificuldades na busca por talentos, antecipando dificuldades exacerbadas por exigências de habilidades da Indústria 4.0.

No tocante ao tema Transformação Digital, o B20 enfatizou a necessidade de promover conectividade universal e robustecer a confiança digital e a cibersegurança. Isso envolveu a aceleração na ampliação da infraestrutura TIC por meio de modernização regulatória e parcerias público-privadas, além de incentivar uma cooperação multilateral efetiva. A Organização das Nações Unidas (ONU) reportou que pelo menos 67% da população mundial já estavam online, em comparação com os 35% de 2013, realçando o crescimento vertiginoso do acesso à internet.

A Força-Tarefa de Integridade e Compliance identificou a liderança ética como pilar para o crescimento inclusivo. A adoção de códigos de conduta e frameworks para IA visou ao reforço da transparência e do uso ético dessa tecnologia. Alguns dados importantes embasaram o trabalho da força-tarefa e destacaram a importância de uma mudança de diretrizes. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 22,8% dos empregados já sofreram assédio no trabalho, e 79% disseram ter sido assediadas nos últimos cinco anos. Cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por ano devido à depressão e ansiedade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com um custo expressivo de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. 

RESULTADOS 

O trabalho do B20 Brasil pode ser representado em números. Foram sete forças-tarefa, um conselho de ação e  1.200 integrantes de 42 países localizados em cinco continentes. Ao todo, 21 setores da economia foram representados. Para que se chegasse ao comunicado executivo final, foram realizados mais de 50 encontros. Houve 1.695 diferentes contribuições dos integrantes para o refinamento das recomendações e formulação de propostas de políticas públicas comuns. Nesse sentido, identificaram-se mais de 70 Key Performance Indicators (KPIs) para monitoramento de resultados. Organizamos mais de 50 eventos paralelos em 13 cidades brasileiras, além de participarmos de oito eventos fora do país. No que tange ao impacto na imprensa, o B20 Brasil alcançou uma audiência estimada em 143 milhões de pessoas, com 1.408 matérias e reportagens publicadas em 556 diferentes veículos de comunicação brasileiros e internacionais. Um feito histórico que capilarizou a relevância das discussões e incluiu a sociedade nos debates em torno das temáticas, reforçando o papel social do grupo.

As recomendações [B20 Brasil], todas expressivas e que incluem o comprometimento em incrementar significativamente os investimentos em energias renováveis, o aprimoramento das cadeias logísticas e o fortalecimento das práticas de integridade, entre outras, levaram ao desenvolvimento de projetos de legado [e] ações práticas, como o lançamento de plataformas virtuais de monitoramento de emissões de carbono, de boas práticas de uso da Inteligência Artificial (IA), de prevenção ao desperdício de alimentos, além do comprometimento com a equidade de gênero, inclusive no âmbito do B20. 

As recomendações, todas expressivas e que incluem o comprometimento em incrementar significativamente os investimentos em energias renováveis, o aprimoramento das cadeias logísticas e o fortalecimento das práticas de integridade, entre outras, levaram ao desenvolvimento de projetos de legado, sobre os quais falaremos com mais detalhes na seção subsequente. Tivemos ações práticas, como o lançamento de plataformas virtuais de monitoramento de emissões de carbono, de boas práticas de uso da Inteligência Artificial (IA), de prevenção ao desperdício de alimentos, além do comprometimento com a equidade de gênero, inclusive no âmbito do B20. 

Ainda no campo das recomendações, cabe mencionar medidas para enfrentar a desigualdade social e o combate à fome, sempre buscando acelerar o desenvolvimento socioeconômico a partir de políticas públicas inovadoras. Além disso, o B20 Brasil se comprometeu em fortalecer mecanismos de ação comunitária contra a corrupção, reafirmando a importância do país na contribuição para um desenvolvimento humano e tecnológico equilibrado e ético. 

Ao fim do ciclo, as recomendações do B20 tiveram ótima aceitação pelo G20. Das 24 proposições do B20, 15 foram referenciadas, em sua integralidade, em três áreas prioritárias na Declaração de Líderes do G20, o documento final da cúpula do Rio de Janeiro. Outras sete foram incorporadas parcialmente, o que faz com que 22 das 24 recomendações tenham sido mencionadas em alguma medida.

Ao fim do ciclo, as recomendações do B20 tiveram ótima aceitação pelo G20. Das 24 proposições do B20, 15 foram referenciadas, em sua integralidade, em três áreas prioritárias na Declaração de Líderes do G20, o documento final da cúpula do Rio de Janeiro. Outras sete foram incorporadas parcialmente, o que faz com que 22 das 24 recomendações tenham sido mencionadas em alguma medida. Na temática Inclusão Social e Combate à Fome e à Pobreza, nove recomendações foram integralmente consideradas. O mesmo ocorreu com quatro das recomendações do B20 na temática Desenvolvimento Sustentável, Transições Energéticas e Ação Climática. No que tange ao tema Reforma das Instituições de Governança Global, o documento final do G20 trouxe duas das recomendações com alinhamento integral. 

CONTINUIDADES E DESAFIOS

À luz do progresso obtido, persistem as expectativas em relação à continuidade das ações iniciadas. Particularmente, há a necessidade de sustentar o diálogo entre as nações do G20 para dar sequência às políticas implementadas e assegurar que as recomendações continuem a ser uma prioridade na agenda global.

Para que houvesse uma continuidade, a presidência brasileira do B20 se preocupou em estabelecer diretrizes de legados. Nesse campo houve três sustentáculos. O primeiro aspecto refletiu sobre o futuro do próprio B20, com o lançamento de plataformas como o She Leads, em que os países que integram o B20 se comprometem em aumentar a participação feminina em funções tanto técnicas e consultivas quanto de liderança, chegando à paridade de 50% do total até 2030. Nesse aspecto, demonstramos comprometimento em nossa gestão. A presença de mulheres como chairs e co-chairs das forças-tarefas passou de 24%, na edição anterior, para 39% neste ciclo. De um total de 1,2 mil representantes do setor privado envolvidos nas discussões do B20 Brasil, 43% eram mulheres, um salto de 14 pontos percentuais. A criação do Conselho de Ação Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios, anunciado ao lado das sete forças-tarefas que nortearam o trabalho do B20, já foi uma inovação proposta pelo Brasil ao integrar a pauta das mulheres com a de outros grupos sub-representados. Esse primeiro pilar também se debruça sobre a ênfase na transferência de experiência e conhecimento para a continuidade do impacto e da governança para futuras edições do B20, incluindo uma plataforma de monitoramento para acompanhar o impacto das recomendações e iniciativas. 

A construção de uma estratégia de continuidade de ações direcionou, ainda, a formatação dos legados do B20 Brasil com base em outros dois pilares: o segundo, do B20 para a sociedade, focando em iniciativas orientadas para a ação, por meio do lançamento de iniciativas como Women in Trade, estimulando a participação feminina no comércio internacional, o B20 Carbon Center of Excellence, o B20 Collective Action Hub e o B20 AI platform, reforçando o compromisso do setor privado com as mudanças sociais. 

O terceiro e último pilar da estratégia de legados não poderia ser diferente. Por mais que estejamos tratando de sinergias globais, nada adianta se internamente não houver um alinhamento robusto às tendências internacionais de cooperação e avanços na direção de um futuro justo, inclusivo e sustentável. Nessa medida, o B20 realizou em dezembro, paralelamente ao handover à África do Sul, o evento O Legado do B20 para o Brasil, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo. Trata-se de recomendações à sociedade brasileira baseadas nos princípios norteadores e na experiência da presidência do Brasil no B20, por meio da integração de recomendações ao contexto nacional, alinhando os princípios do B20 com as prioridades brasileiras, visando à aceleração do desenvolvimento socioeconômico nacional. Foram delimitadas 10 áreas prioritárias: biocombustíveis, descarbonização de cadeias industriais, mercado brasileiro de carbono, economia circular, agricultura sustentável, infraestrutura de resiliência, revisão de políticas restritivas às exportações, igualdade de gênero, data centers e IA, além de treinamento digital, que deve começar nas escolas e na capacitação de docentes com vistas a um mercado de trabalho alinhado às necessidades atuais. 

O denso trabalho das forças-tarefas e do conselho de ação teve o apoio de parceiros de conhecimento que identificaram cenários globais motivadores das ações do B20. Esses parceiros, a saber, McKinsey & Company, Boston Consulting Group (BCG), Deloitte, Accenture e Bain & Company, produziram relatórios e pesquisas que nortearam os trabalhos dos programme managers (PMOs) de cada temática. Com base nesses estudos, foram mapeadas forças e fraquezas a serem atacadas visando a um crescimento sustentável e inclusivo. No tocante ao tema de inclusão feminina, por exemplo, de acordo com o International Trade Centre (ITC), empresas lideradas por mulheres têm menos conexões com compradores e fornecedores, enfrentando maiores dificuldades de integração nas cadeias de valor globais. 

Além disso, estudos do Banco Mundial mostram que as empresas de propriedade feminina enfrentam 50% mais rejeições em seus pedidos de financiamento comercial do que empresas lideradas por homens. A desigualdade de acesso ao crédito e aos mercados internacionais limita o potencial de expansão desses negócios, destacando a urgência de políticas que promovam a inclusão e equidade nas oportunidades comerciais. Já a criação do B20 Climate Hub se alinha à urgência global em limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até 2030, conforme destaca o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O painel estima que, para atingir essa meta, será necessário reduzir as emissões globais em cerca de 43% até o fim desta década. 

No tocante ao B20 Carbon Center of Excellence, a implementação de mercados de carbono oferece um caminho poderoso para enfrentar a crise climática e impulsionar o crescimento econômico global. Com o potencial de reduzir até 50% das emissões globais, equivalente a cerca de 5 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (CO₂e), esses mercados não apenas ajudam a mitigar os impactos ambientais, mas também abrem novas oportunidades econômicas. As Nações Unidas estimam que possam gerar até US$ 1 trilhão por ano até 2050, promovendo um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável. Além disso, segundo a Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA), a adoção desses mecanismos traz benefícios financeiros significativos, com projeções de economia de US$ 250 bilhões por ano até 2030, otimizando recursos e acelerando a inovação em processos produtivos verdes.

O crescimento sustentável e inclusivo não pode perder de vista as oportunidades que se desenham, sempre de forma ética e sustentável. Segundo o Goldman Sachs, a Inteligência Artificial (IA) tem o potencial de aumentar o PIB global em 7% em um período de dez anos. A adoção e implementação sem precedentes da IA estão transformando setores como saúde, educação, comunicação, serviços financeiros, manufatura e gestão ambiental, impulsionando a produtividade e a inovação. No entanto, esse potencial transformador também traz desafios relacionados à responsabilidade, ética, segurança e sustentabilidade. Em um mundo cada vez mais digitalizado, com 5,4 bilhões de usuários ativos de internet (ITU) e 3,5 quintilhões de bytes de dados gerados diariamente (Earth Web), a integração da IA se mostra essencial para otimizar processos e enfrentar as demandas de um mercado global em constante evolução.

A temática da segurança alimentar também é um compromisso de legado e um desafio no âmbito do B20. Criamos a plataforma Reducing Food Loss and Waste. A iniciativa funcionará como um Global Challenge, que vai identificar os projetos que abordam os desafios globais mais críticos relacionados à perda e ao desperdício de alimentos e promovam soluções do setor privado e o fomento à colaboração público-privada. As melhores práticas serão concentradas em uma plataforma online de acesso público. A Força-Tarefa de Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura do B20 Brasil se concentrou em criar recomendações e métodos para acompanhamento da implementação de políticas públicas que promovam uma agricultura mais sustentável. De acordo com dados da ONU, 14% dos alimentos do mundo (avaliados em US$ 400 bilhões) são perdidos anualmente e 70% são desperdiçados. Cerca de 2,4 bilhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar, sendo que entre 30% e 35% sofrem de fome severa. A situação poderia ser resolvida com uma melhor distribuição da produção. O sistema agrícola em todo o mundo produz alimentos suficientes para até dez bilhões de pessoas, segundo o Fórum Econômico Mundial.

A experiência do Brasil reforça a necessidade de resposta coletiva e colaborativa frente aos desafios que transcendem fronteiras, ressaltando o papel do engajamento privado como um componente crítico nas resoluções de questões globais.

A experiência do Brasil reforça a necessidade de resposta coletiva e colaborativa frente aos desafios que transcendem fronteiras, ressaltando o papel do engajamento privado como um componente crítico nas resoluções de questões globais. Eventuais obstáculos como a articulação multilateral e o consenso entre os diferentes setores econômicos devem ser encarados como parte do processo e da diversidade das recomendações e não como impedimento à obtenção de resultados. Para além do relativo sucesso na absorção das recomendações do setor empresarial pelo G20, o ciclo brasileiro deixa o aprendizado de como esse setor e o governo podem trabalhar juntos para resultados ainda mais efetivos.

CONCLUSÃO

O B20 promoveu abordagens multifacetadas para lidar com desafios econômicos, ambientais e sociais, fundamentadas na participação colaborativa e na sustentação de evidências de organizações e projeções reconhecidas globalmente, vislumbrando um impacto duradouro e positivo nas políticas internacionais de negócios e desenvolvimento. A alta responsividade do G20, incorporando parcial ou integralmente 22 das 24 recomendações do B20 demonstra a robustez do trabalho e a necessidade de continuidade nos próximos anos. Delimitamos estratégias de legado com vistas a perpetuar o trabalho, e as próximas edições terão o desafio de permanecer no caminho de um crescimento global que se preocupe com a inclusão e a sustentabilidade.

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Recebido: 22 de novembro de 2024

Aceito para publicação: 12 de dezembro de 2024

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