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Seção Especial

As vítimas brasileiras dos ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro de 2023

E o contexto da migração brasileira para Israel

Resumo

Os ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 são tidos como um dos atentados mais letais da história recente em geral e com maior número de mortes na história de Israel desde seu estabelecimento em 1948. O intuito do artigo é tratar especificamente das quatro vítimas brasileiras entre as cerca de 1.200 e contextualizá-las na história da migração brasileira para Israel e no movimento de brasileiros emigrados do país nas últimas décadas.

Palavras-chave:

terrorismo; Israel; Hamas; brasileiros; migração.
Imagem: Shutterstock.

O 7 de outubro de 2023 iniciou com ataque ao sul de Israel por terroristas do grupo Hamas. Cerca de trinta localidades – entre kibutzim, moshavim, cidades como Ashkelon e Sderot, e uma rave no deserto do Negev – foram atacadas por horas. Ao final, em torno de 1.200 pessoas de mais de quarenta nacionalidades foram assassinadas[1] (das quais 69% civis), 239 levadas como reféns para Gaza, além de centenas feridas ou mutiladas. A violência foi tanta que, mais de oito meses depois, por volta de duzentos corpos ainda não puderam ser totalmente reconhecidos (Sieff 2023). Segundo depoimentos de voluntários do ZAKA Search and Rescue e de médicos legistas, vários foram os casos de tortura e de estupros (Reuters 2023; Frenkel 2024). A Biblioteca Nacional de Israel amealha streamings feitos pelos próprios perpetradores que comprovam não só a violência como o intuito de divulgá-la, assim como áudios das vítimas e depoimentos de sobreviventes e familiares (France24 2024). O ataque do dia 7 de outubro de 2023 levou a uma guerra das Forças de Defesa de Israel em Gaza, que ainda se desenrola enquanto digitamos, e que a cada dia pode se expandir para um conflito regional mais ampliado, caso novos fronts se consolidem. 

O ataque do Hamas pode ser entendido no contexto do conflito israelo-palestino, existente desde a virada do século XIX para o XX, consolidado com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948 e com o não estabelecimento de um Estado palestino desde então (Aly, Feldman & Shikaki 2013). Pode, e deve, ser entendido no contexto geopolítico regional, em que, desde 1979, o regime iraniano foi criando uma rede de proxies regionais, iniciado com o Hezbollah nos anos 1980, passando por alianças com milícias xiitas no Iraque e na Síria a partir da invasão estadunidense no primeiro e da guerra civil no segundo, culminando com alianças com os houthis no Iêmen e com o Hamas – o único grupo sunita entre todos – em anos mais recentes (Baer 2008; Maloney 2024). Em termos mais amplos, podem-se ainda entender os ataques do dia 7 de outubro de 2023 como mais um sintoma da desordem global atual, tendo em vista a clara perda de poder dos EUA (parceiro histórico de Israel) e a ascensão da China, além de articulações russas (ambas mais ligadas aos interesses do Irã e dos palestinos). Se conectada com o conflito já em curso na Ucrânia desde 2022 e possível guerra em torno de Taiwan, mostra-se como mais um ponto de fricção entre os interesses da potência decadente e da ascendente. Como se vê, são muitas as lentes possíveis para analisar as mortes do dia 7 de outubro último em Israel e a guerra que se desdobra em Gaza desde então. 

Em termos mais amplos, podem-se ainda entender os ataques do dia 7 de outubro de 2023 como mais um sintoma da desordem global atual, tendo em vista a clara perda de poder dos EUA (parceiro histórico de Israel) e a ascensão da China, além de articulações russas (ambas mais ligadas aos interesses do Irã e dos palestinos). Se conectada com o conflito já em curso na Ucrânia desde 2022 e possível guerra em torno de Taiwan, mostra-se como mais um ponto de fricção entre os interesses da potência decadente e da ascendente.

Nosso intuito neste texto, porém, é focar em primeiro momento nas vítimas brasileiras. Entre os cerca de 1.200 assassinados de dezenas de nacionalidades, havia trabalhadores estrangeiros das áreas de agricultura e cuidado, cidadãos sobretudo da Tailândia e Filipinas, e mesmo vítimas palestinas-israelenses, mormente beduínos. Os quatro brasileiros nos interessam aqui, porém, não só por conta da dignidade com que queremos contar suas histórias, como por considerarmos relevante entendê-las no âmbito do movimento de migração de brasileiros para Israel. O artigo leva em consideração notícias da mídia profissional estrangeira, brasileira e israelense; documentos oficiais das chancelarias brasileira e israelense; literatura acadêmica qualificada; e entrevistas semiestruturadas.[2] 

BRASILEIROS VÍTIMAS DOS ATAQUES TERRORISTAS PERPETRADOS EM 7 DE OUTUBRO 

Os jovens participantes do festival Nova de música eletrônica realizado nas proximidades do kibutz Re’im foram o grupo mais afetado pelos ataques do Hamas no dia 7 de outubro de 2023. Durante a festa, edição israelense do festival de música trance Universo Paralello, originado na Bahia, estava prevista, inclusive, apresentação de artistas brasileiros de relevo, como o DJ Juarez Petrillo, pai do DJ Alok Petrillo. 

A performance dos artistas brasileiros não chegou a acontecer, no entanto. Dentre os 3.800 participantes do festival, 367 foram assassinados, 45 foram feitos reféns e mais de 500 feridos. Totalizou-se, no local do festival, maior número de mortos e feridos em relação às ofensivas ocorridas no mesmo dia a cidades próximas à faixa de Gaza e a kibutzim no sul do país.

Três brasileiros – Ranani Nidejelski Glazer, Bruna Valeanu e Karla Stelzer Mendes – perderam suas vidas em razão dos ataques do Hamas ao festival. Michel Nisenbaum, que naquela manhã saiu de sua cidade, Sderot, para buscar a neta de quatro anos que estava com o pai, foi tomado como refém e morto. 

Algumas dezenas de brasileiros que participavam do festival conseguiram sobreviver e testemunharam seu relato em canais de comunicação, como Rafael Birmann, paulistano, morador de Tel Aviv com a mãe e irmãos, que relatou ao Jerusalem Post (Neifakh 2024) e outros canais de comunicação (France24 2023) ter presenciado tiroteio contra o carro que dirigia enquanto tentava escapar da festa, além de pessoas feridas que o alertavam sobre ataques terroristas em sua direção.

O gaúcho Ranani Nidejelski Glazer foi o primeiro brasileiro a ter a morte informada pelas autoridades locais. Ranani morava com o pai em Israel há 7 anos e faria aniversário poucos dias após o atentado que tirou sua vida. Nascido em 13 de outubro de 1999, era natural de Porto Alegre, onde morou até os 17 anos, e torcedor do Grêmio. Ranani prestou serviço militar em Israel e trabalhou como editor de vídeos e entregador. O brasileiro gostava de compor músicas e aspirava a seguir carreira de DJ. Sua namorada, a brasileira Rafaela Triestman, sobreviveu aos atentados.

Funcionário local da embaixada do Brasil em Tel Aviv e conterrâneo gaúcho de Glazer, Ben-Eliyahu Gabay, 27 anos, esteve presente ao funeral do amigo no cemitério de Tel Regev, na cidade de Haifa, e escreveu-nos o seguinte depoimento: 

Ranani era o melhor amigo do meu colega de apartamento, Abraão, quando morei em Ramat Gan. Vindo de Porto Alegre, assim como eu, compartilhávamos a paixão pelos jogos da FIFA e pela música. Ex-soldado da IDF, ele irradiava alegria e sonhava em explorar festivais de música eletrônica ao redor do mundo. Ranani sempre preferiu focar na união que a música trazia, ao invés de se envolver em assuntos políticos. Sua vida terminou no festival de música Nova, fazendo o que mais amava, dançar. Ele fez “Aliyah” (imigrou) para Israel, se conectou com seu pai (Ronen) e seus dois irmãos (Rudy e Renan) e foi o primeiro a ser enterrado na Terra Santa, em Haifa. 

O Colégio Israelita, localizado no bairro Rio Branco de Porto Alegre, também fez homenagem e menção ao ex-aluno:  

Prezada Comunidade Escolar, consternados e indignados, lamentamos a dolorosa perda de Ranani Nidejelski Glazer, ex-aluno do Colégio. Neste momento de profunda tristeza, expressamos nossos sentimentos à família, aos colegas e amigos de Ranani. 

O Grêmio, do qual Ranani era torcedor, também prestou tributo no canal X: “O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense homenageia o gaúcho e gremista Ranani Nidejelski Glazer, que completaria hoje 24 anos, morto nos conflitos ocorridos em Israel nas últimas semanas”, no dia de seu aniversário. Amigos e familiares de Ranani lançaram campanha para arrecadar fundos para que sua mãe, Tatiana Nidejelski, pudesse viajar do Brasil até Israel para visitar o túmulo do filho.

Bruna Valeanu nasceu no Rio de Janeiro, era binacional brasileira-israelense e havia completado 24 anos em 26 de setembro. A carioca se mudou para Tel Aviv há quase 10 anos com sua mãe e uma de suas duas irmãs, Florica. Segundo Florica, entre as três irmãs, Bruna era a que mais tinha domínio da língua hebraica. A carioca estudava Comunicação e Marketing na Universidade de Tel Aviv e serviu como lone soldier[3] no exército de Israel. Sua irmã Nathalia permaneceu no Rio de Janeiro. Após entrar em contato com a família e amigos mais próximos, verificou-se que a última comunicação havia ocorrido por volta das 9h do dia 7 de outubro, quando Bruna relatou a amigos por mensagem ter testemunhado disparos e mortes à sua volta.

Depoimento de Florica Valeanu Bastos, sobre sua irmã Bruna: 

Quando a Bruna nasceu, eu tinha 20 anos e ela transformou as nossas vidas: da minha mãe, da minha irmã e a minha. Ela tinha luz própria e iluminou a nossa vida, mudando completamente tudo, mas, principalmente a vida da nossa mãe. A Bruna foi sempre uma menina amável, muito atenta a tudo, prestava muita atenção no que lhe diziam, seus olhinhos brilhavam, era muito curiosa pela vida. Foi sempre estudiosa, adorava ler, era batalhadora e muito independente. Incentivados por ela, viemos para Israel, realizando o sonho do nosso avô (in memorian), sobrevivente da Shoah, da Romênia. Quando Bruna chegou a Israel, aos 15 anos, ela não quis estudar em colégio para Olim (novos imigrantes), indo direto para a escola Brener em Petah Tivka, onde morávamos, e se deu muito bem, aprendendo hebraico rapidamente. Quando chegou ao exército, já tinha hebraico fluente. Nossa mãe queria que ela servisse perto de casa, na Kiryah, mas ela escolheu o caminho mais difícil – estudou, fez provas e passou para o curso de madrichá de tanques (Madrichot Kliah baShrion), servindo numa base no sul de Israel. Bruna estava muito bem preparada. Corajosa e valente, não temia desafios. Cursava Sociologia e Comunicação (sociologia ve tikshoret) na Universidade de Tel Aviv, trabalhando e estudando; sempre buscando desafios e novidades. O último trabalho dela foi em um restaurante em Tel Aviv, estava juntando dinheiro e planejava mais uma de suas muitas viagens. Ela adorava viajar e levava com ela as amigas, a mamãe e eu. Ela gostava de coisas boas e trabalhava para isso. Gostava de bons restaurantes, de ter as coisas dela, de roupas que ela mesma combinava e criava um próprio estilo. 

A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), assim como o Ministério das Relações Exteriores (MRE), também divulgaram nota de pesar lamentando a morte de Ranani e Bruna: 

Lamentamos profundamente e prestamos nossa solidariedade às famílias de Ranani Nidejelski Glazer e de Bruna Valeanu, brasileiros mortos nos ataques terroristas do Hamas em Israel, bem como de todas as vítimas dos atentados no país. Nós nos unimos a todas as famílias que sofreram perdas inesperadas, abruptas, sem a possibilidade de despedida. Reiteramos nosso repúdio ao terrorismo e temos esperança de que o conflito se encerre o quanto antes. Baruch Dayan HaEmet. 

O Itamaraty, por sua vez, manifestou em nota do dia 10 de outubro de 2023 “profundo pesar com a morte da cidadã brasileira Bruna Valeanu [...] segunda vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro em Israel” e reiterou “seu total repúdio a todos os atos de violência contra a população civil” (Brasil 2023a).

Bruna foi enterrada na cidade de Petah Tikvah, em Israel, no dia 10 de outubro. Ela foi a segunda vítima fatal brasileira do ataque do grupo Hamas. Nas redes sociais, mensagem de pedido de solidariedade foi colocada solicitando presença no enterro para a realização de oração judaica fúnebre, na qual é necessária a presença de ao menos dez homens para a oração (minyan). A população da cidade em que Bruna morava se sensibilizou e, além de sua mãe e irmã, mais de 10 mil pessoas estiveram presentes ao seu enterro.

Também natural do Rio de Janeiro, Karla Stelzer Mendes, terceira brasileira encontrada morta nos ataques do Hamas, tinha 42 anos de idade. Nascida em 22 de novembro de 1981, foi a última brasileira a ter seu falecimento confirmado pelas autoridades israelenses. Era mãe de um jovem de 19 anos, brasileiro e membro do exército israelense. De acordo com informações de amigos que a acompanhavam no evento, sua última comunicação com amigos e familiares foi registrada às 8h11 do dia 7 de outubro de 2023.

Karla também participava do festival que foi alvo do ataque do Hamas. Ela foi ao evento acompanhada do namorado israelense, Gabi Azulay, que também foi morto no ataque. O casal vivia junto na cidade de Kiryat Malachi, ao sul de Israel, e, de acordo com amigos próximos, amava festas e gostava de frequentar festivais e agremiações culturais. Amiga próxima de Karla, a israelense Natali Kabesa prestou homenagem em rede social: “The beautiful and beloved Karla, a fighter for freedom, it was a pleasure and a privilege to share with you thousands of experiences of joy around the world”.[4]

Pai de duas filhas e avô de seis netos, Michel Nisenbaum nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e vivia em Israel há mais de 35 anos. Naquela manhã de sábado, o brasileiro-israelense de 59 anos saiu de casa em Sderot, cidade nas proximidades da faixa de Gaza, para buscar a neta de quatro anos em uma base militar na cidade de Re'im, sul do país, onde ela estava com o pai, um soldado israelense, e não retornou (O Globo 2024).

Segundo depoimento coletado pelas autoridades israelenses, Michel falava com um familiar ao telefone pela manhã do dia do ataque, quando a ligação foi interrompida às 6h57. A filha tentou estabelecer o contato, e, às 7h24, a chamada foi atendida por uma voz masculina que, segundo o relato, falava a palavra “Hamas” em árabe.

Inicialmente o brasileiro foi reconhecido pelas autoridades israelenses como desaparecido, e, em meados de novembro, confirmou-se seu sequestro pelas apurações oficiais do governo local, que informaram ao Brasil o status oficial de Michel Nisenbaum como refém. O contato com seus familiares pelo governo brasileiro teve início em meados de outubro, antes mesmo da confirmação pelo governo israelense de seu sequestro. No dia 26 de outubro, o presidente da República manteve videoconferência com representante do Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, sediado em Tel Aviv (Brasil 2023b). Na ocasião, Lula conversou com familiares de Michel Nisenbaum, condenou ataques contra civis, em quaisquer circunstâncias, e enfatizou a importância de que as pessoas diretamente atingidas pelo terrorismo e pela guerra sejam ouvidas.

O presidente Lula e o chanceler Mauro Vieira manifestaram solidariedade às famílias dos sequestrados e, em especial, aos familiares de Nisenbaum. Eles reafirmaram seu compromisso na intercessão de sua libertação. Nesse sentido, apelos em prol da soltura imediata de todos os reféns e manifestação de solidariedade foram reiterados pelo ministro Mauro Vieira na Cúpula de Paz do Cairo, em 21 de outubro de 2023: 

The Brazilian government unequivocally rejects and condemns the terrorist attacks perpetrated by Hamas in Israel on October 7th, as well as the taking of civilian hostages. Brazilian nationals are among the victims, three of them were murdered in Israel [...].[5] 

Trecho da Intervenção do ministro Mauro Vieira durante a Cúpula da Paz do Cairo (Brasil 2023c). 

E pelo próprio presidente da República, na Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS, em 21 de novembro de 2023: 

[...] Desde o início do atual conflito entre Israel e Palestina, tive a oportunidade de conversar bilateralmente com praticamente todos os líderes aqui reunidos. O Brasil condenou de maneira veemente os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro contra o povo israelense. Três brasileiros foram vítimas desses ataques. Em várias ocasiões, reiteramos o chamado pela liberação imediata e incondicional de todos os reféns. No entanto, tais atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis [...] 

Trecho do discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS (Brasil 2023d). 

Avô de cinco netos antes de ser levado à força para a Faixa de Gaza, Michel ganhou seu sexto neto no dia 11 de fevereiro de 2024. A criança foi batizada de Oz (coragem, em hebraico). Segundo reportagem da Folha de São Paulo (Paixão 2024), essa é, de certo modo, a mensagem que a família Nisenbaum tentou sustentar: “no momento em que a esperança morrer, nós não vamos ter mais para o que viver”, disse Mary Shohat, 66, irmã mais velha de Michel, que falou de sua casa em Be'er Sheva, cidade israelense conhecida como a capital do deserto de Negev.

Durante a finalização da escrita deste ensaio, as autoras tomaram conhecimento da confirmação da morte de Michel Nisenbaum pelas autoridades locais. Em 24 de maio último, o Exército israelense anunciou a recuperação dos corpos de três reféns que estavam na Faixa de Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, incluindo o do refém brasileiro. De imediato, o presidente Lula afirmou na rede social X que soube da morte do israelense-brasileiro “com imensa tristeza”: “Conheci sua irmã e filha, e sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel”, escreveu (@LulaOficial, 24 de maio de 2024).

Nisenbaum trabalhava como guia turístico e atuou como entregador, vendedor e prestador de serviços de informática. Ele também foi voluntário na Rescue Union[6], na qual foi motorista de ambulância. Michel foi finalmente sepultado em 26 de maio de 2024, na cidade israelense de Ashkelon. Centenas de pessoas acompanharam o seu cortejo fúnebre e compareceram ao serviço religioso. O Itamaraty emitiu de forma imediata, ainda na manhã do dia 24 de maio, dia da confirmação da morte do brasileiro, nota oficial manifestando “sinceras condolências aos familiares e amigos de Michel Nisembaum, bem como ao povo de Israel” (Brasil 2024).

Além das quatro vítimas fatais, outros três filhos de brasileiros foram mortos durante os ataques do Hamas no dia 7/10: Gavriel Yishay Barel, 22 anos, Noam Elimelech Rotenberg, 24 anos, ambos assassinados durante o Festival Nova, e Celeste Fishbein, 18 anos, assassinada no Kibutz Beeri, onde trabalhava como babá. Gavriel, Noam e Celeste eram filhos de brasileiros e nunca chegaram a ter seus documentos de nascimento e identidade registrados em cartório ou autoridade consular no exterior.

BRASILEIROS EM ISRAEL

No Oriente Médio vivem 59.230 brasileiros, somando cerca de 21.000 no Líbano, com a maior comunidade. Israel é o segundo país da região com mais brasileiros, somando aproximadamente 14.000. Emirados Árabes Unidos contam com 9.630, Palestina 6.000, Jordânia 3.000 e Síria 3.000. O Catar soma 1.000 nacionais, seguidos de 650 na Arábia Saudita, 280 no Bahrein e 280 no Kuwait (Brasil 2023e). 

Da fundação do Estado de Israel, em 1948, até por volta de 2015, a migração de brasileiros para Israel era, em média, 150 por ano e, no geral, nas razões por trás da mudança estavam ideologia sionista ou sionista/socialista (como especificamente viver em kibutz), motivações religiosas, ou interesse na qualidade acadêmica do país. No geral, eram judeus e faziam uso da Lei do Retorno, de 1950, que garante a eles o direito de migrar para Israel. Na última década, esse perfil vem se alterando e, crescentemente, além de judeus natos, há pessoas convertidas e cônjuges não judeus (Kresch 2017). 

A comunidade brasileira de Israel é, em grande maioria, composta por cidadãos binacionais. (...) Por estarem em condições idênticas ao restante da população local, estima-se que a comunidade brasileira compartilhe os mesmos índices demográficos de faixa etária, taxa de natalidade, de mortalidade e de composição por gênero que o restante de Israel.

A comunidade brasileira de Israel é, em grande maioria, composta por cidadãos binacionais. Dado fornecido por estudo do Central Bureau of Statistics of Israel, datado de 2021, citava haver 13.574 cidadãos brasileiros vivendo em Israel, dos quais 12.556 brasileiros que migraram para o país pelo processo de Aliya, tornando-se cidadãos israelenses, e 1.018 nascidos em solo israelense. Os nacionais brasileiros que vivem em Israel, por serem também israelenses, têm amplo acesso a serviços públicos básicos oferecidos, como saúde, educação pública e políticas sociais, além de acesso à documentação necessária para todos os atos notariais e religiosos necessários para a vida civil. Com o passar das gerações, observa-se que a maioria dos filhos desses cidadãos frequentam escolas locais, de língua hebraica, passando a considerar o Brasil como o país de origem de seus genitores e aprendendo português apenas como língua de herança. Por estar em condições idênticas ao restante da população local, estima-se que a comunidade brasileira compartilhe os mesmos índices demográficos de faixa etária, taxa de natalidade, de mortalidade e de composição por gênero[7] que o restante de Israel.

A minoria da comunidade brasileira é formada por brasileiros sem cidadania israelense, sobretudo: i) estudantes judeus que se instalam em instituição de estudo religioso (yeshivá) e, por não desejarem se estabelecer de forma permanente no país ou por ainda não terem direito à cidadania israelense, não fazem jus à cidadania; ii) trabalhadores qualificados que atuam junto às empresas de alta tecnologia do país, que contam com auxílio do empregador para se instalarem e recebem, via de regra, altos salários; iii) cônjuges que vêm a Israel e se instalam junto ao núcleo familiar israelense do(a) parceiro(a) e que passam a depender dele para sua permanência, com esperança de obter cidadania israelense; iv) esportistas que atuam junto a instituições desportivas ligadas a esportes como futebol, futevôlei, capoeira e jiu-jitsu, recebendo moradia, ajuda para custeio de despesas básicas e salários módicos; v) peregrinos religiosos que permanecem no país de maneira irregular. Geograficamente, a maior concentração de brasileiros na jurisdição é observada em Jerusalém e Tel Aviv, juntamente com centros urbanos próximos, como Harish, Ra`anana e Modi`in, situados a distância inferior a 100 quilômetros de Tel Aviv. 

A escolha de Israel como país de destino para brasileiros se dá em função de complexos e múltiplos motivos, que devem ser estudados tomando-se em conta fatores subjetivos pouco quantificáveis, como a incerteza e o risco envolvidos na decisão (Triandafyllidou 2022, 20) de emigrar e questões culturais e afetivas. Além disso, é preciso levar em conta que o processo decisório que envolve sair do país de origem, permanecer no país de destino, retornar, ou se mover para um terceiro país é tomado em ambiente extremamente dinâmico e moldado por múltiplos fatores nem sempre previsíveis e possíveis de serem controlados (Triandafyllidou 2022, 21). Esses fatos levaram críticos ao regime tradicional de governança global das migrações internacionais a elaborarem o conceito de messy approach to migration, em razão da natureza dinâmica e subjetiva dos processos migratórios internacionais – de brasileiros para Israel, inclusive.

De acordo com a crítica aos regimes tradicionais de estudo das migrações internacionais, Triandafyllidou (2022, 21) argumenta em favor de uma messy approach to migration: “the study of migration needs therefore to acknowledge the subjective, embodied experience of mobility as well as its more formal aspects of crossing international borders or obtaining a specific migration status”.[8] 

Dentre os pull factors que levam brasileiros a escolher Israel como país de destino, está uma junção de fatores, como o desejo de morar fora do Brasil, a busca de melhores condições econômicas, a fuga de situações extremas de violência urbana; havendo, ainda, afinidade religiosa com o judaísmo e a vontade de experimentar vida comunitária em moshavim e kibutzim. Esses são os casos, por exemplo, da gestora de projetos Tania Samuel e da profissional de RH Claudia Ajbeszyc, conforme depoimento que concederam à Vania Ferrari e Anna Nogueira (2000) no projeto “Volta ao mundo do trabalho”. Ambas comentam acerca do desafio de aprender uma nova língua, o hebraico, e de se reinventar numa nova cultura de trabalho menos calorosa como a brasileira, mas mais assertiva e efetiva. O fato de todos ajudarem tanto nas tarefas de casa como no trabalho de cuidado é lembrado como ponto forte de se viver em Israel, mas se ressalta, sobretudo, a segurança com que os filhos circulam, seja para irem e virem sozinhos das escolas, circularem tarde da noite ao voltarem de festas, sem se sentirem ameaçados.

A cidade de Ra'anana, que fica a 21 quilômetros de Tel Aviv, tem a maior comunidade brasileira organizada em Israel, cerca de 450 famílias, aproximadamente 2.000 pessoas. Para um dos coordenadores da comunidade brasileira na cidade, Marcus Gilban, a emigração brasileira para Israel, e para Ra’anana em particular, tem como motivo principal a busca por melhor qualidade de vida (Pinheiros 2019). Em questionário recente aplicado a alguns brasileiros que fizeram Aliya por qualidade de vida, entendeu-se, principalmente: i) melhores oportunidades de salários e empregos; ii) segurança; iii) acesso à educação pública de qualidade; iv) proximidade com a família; e v) motivos religiosos e culturais.

Figura 1 – Motivos para Aliya por qualidade de vida. Fonte: questionário eletrônico enviado à comunidade brasileira em Israel por meio do formato Google forms com espaço amostral de 210 pessoas.

Figura 1 – Motivos para Aliya por qualidade de vida. Fonte: questionário eletrônico enviado à comunidade brasileira em Israel por meio do formato Google forms com espaço amostral de 210 pessoas. 

Dentre as principais razões pelas quais 15% dos brasileiros que migraram para Israel voltam para o Brasil (Kresch 2017), encontram-se a dificuldade em chegar a uma proficiência do idioma hebraico e o processo de revalidação de diplomas. Esses obstáculos, também conhecidos como push factors pela teoria da governança global da migração (Triandafyllidou 2022, 19), fazem com que muitas vezes os novos imigrantes necessitem recomeçar suas vidas profissionalmente e aceitar empregos sem ligação com sua qualificação profissional prévia ou, ainda, tidos no Brasil como inferiores, como garçons ou serviços de hotelaria.

Vale dizer que muitos dos brasileiros residentes em Israel fazem importante ponte com o Brasil, sobretudo atuando como guias de turismo com temática religiosa. Obviamente, conhecem e compartilham a história judaica, mas o público principal, porém, é cristão – católico e evangélico – e figuram um número expressivo de “peregrinos” que anualmente visitam o país. A gaúcha Aline Szewkies, dona do canal do YouTube Israel com Aline (@IsraelcomAline), conta com mais de dois milhões de inscritos e parece ser a mais influente brasileira residente em Israel. O paulista Ariel Fingerman (@historiadabibliaariel), ex-correspondente do jornal O Globo no Oriente Médio e doutor em Ciências da Religião pela Universidade Tel Aviv, também  tem papel importante nesse sentido. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

É comum se frisar uma “unicidade” na história judaica ou na história de Israel. A verdade, porém, é que se trata de mais um povo que defende seu direito de existir e de mais um país que clama pela legitimidade de seu Estado nacional. Há um elefante na sala que se chama ocupação dos territórios palestinos desde 1967, e só com a solução de dois Estados ele poderá resolver ir embora. No entanto, radicais – do lado palestino na figura do Hamas, e do lado israelense, na figura do governo de extrema-direita liderado por Bibi Netanyahu desde 2023 – não parecem querer resolver o conflito levando em conta a complexidade dele, mas acreditando ser possível derrotar o outro lado pela força, sem negociações ou linguagem diplomática mútua. A guerra iniciada após os ataques do 7 de outubro de 2023 segue se desenvolvendo e clamando por vidas humanas, sobretudo de mulheres e de crianças palestinas.

Quando nos debruçamos sobre as histórias das vítimas brasileiras dos ataques do Hamas de outubro último, nos deparamos com um microcosmo de histórias de vida que devem ser lembradas e cujos algozes devem ser responsabilizados, mas que também podem ser entendidas em termos da história mais ampla de brasileiros no mundo e no Oriente Médio em particular. História de busca por oportunidades em novas terras, mas também de preservação de conexões profundas com o país de nascimento…

Quando nos debruçamos sobre as histórias das vítimas brasileiras dos ataques do Hamas de outubro último, nos deparamos com um microcosmo de histórias de vida que devem ser lembradas e cujos algozes devem ser responsabilizados, mas que também podem ser entendidas em termos da história mais ampla de brasileiros no mundo e no Oriente Médio em particular. História de busca por oportunidades em novas terras, mas também de preservação de conexões profundas com o país de nascimento, seja na torcida pelo time de futebol da infância, ou pela busca por diversão em festival de música eletrônica criado no Brasil natal. 

As quatro vítimas brasileiras nos permitem vislumbrar um pequeno universo da peculiaridade da migração brasileira para Israel. Ranani e Michel parecem ser filhos de pai e mãe judeus, já Bruna e Karla eram frutos de casamentos mistos[9], muito comuns no Brasil. Todos tinham ligação com as Forças de Defesa de Israel, sendo Ranani e Bruna (e provavelmente Michel) ex-soldados e Karla, mãe de um soldado. Israel é um país que exige serviço militar obrigatório para homens e mulheres entre 18 e 21 anos e aceita voluntários, podendo talvez ser comparado nesse sentido aos casos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. As razões para suas idas a Israel vão desde reunião familiar, como no caso de Ranani, à busca de melhores condições de vida, unidas ao desejo de vivência comunitária, como parecem ser os casos de Bruna, Karla e Michel. 

Por um lado, a migração de brasileiros a Israel talvez possa ser comparada à de brasileiros que buscam a cidadania alemã, italiana, portuguesa ou japonesa de seus avós, no sentido de quererem sair do Brasil por razões socioeconômicas e identitárias, buscando países desenvolvidos, integrantes da OCDE, que os aceitem sem grandes empecilhos. Se, por um lado, os brasileiros em Israel na quase totalidade se beneficiam da estrutura de bem-estar social e não enfrentam questões de segurança pública, por outro, paradoxalmente, vivem em país em situação de guerra, que pode demandar do governo brasileiro, em situações extremas, como nas semanas que se sucederam aos ataques da manhã do dia 7 de outubro de 2023, evacuação de seus nacionais ou recuperação de corpos de nacionais assassinados em razão do terrorismo.[10]

Como pontuam Russi et al. (2023), ainda são incipientes os estudos sobre os “Olim brasileiros”, mas vale atentar para eles como mais uma peça do quebra-cabeça global de milhões de brasileiros que têm saído do país nas últimas três décadas em busca de novas oportunidades de trabalho, segurança urbana e maior acesso a serviços públicos básicos de educação e de saúde. Apesar de existirem fatores subjetivos pouco quantificáveis que levam à saída de brasileiros do território nacional, como o conceito messy aproach to migration elaborado por Triandafyllidou (2022) elucida, fato é que questões práticas do cotidiano como a possibilidade de crianças poderem voltar da escola sozinhas com segurança, baixo índice de feminicídio e violência sexual contra mulheres solo, principalmente se comparado aos números nacionais, têm sido fatores que levam, apesar da situação oficial de conflito armado, à continuidade do fluxo migratório de brasileiros para Israel e da tomada de decisão de famílias brasileiras ou de indivíduos solo saírem do Brasil  para tentar novo estilo de vida: mais livre da violência urbana, por um lado, mas com a pesada bagagem mental do cada vez mais intricado conflito israelo-palestino.

Notas

[1] Em ordem alfabética, eis a ordem das nacionalidades de pessoas assassinadas pelo Hamas em 7/10, além de Israel e Brasil: África do Sul, Alemanha, Argentina, Áustria, Azerbaijão, Belarus, Bélgica, Camboja, Canadá, Cazaquistão, China, Colômbia, Eritreia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Filipinas, França, Honduras, Hungria, Índia, Itália, Lituânia, México, Moldávia, Nepal, Peru,  Portugal, Reino Unido, Romênia, Rússia, Sri Lanka, Suíça, Sudão, Tailândia, Tanzânia, Turquia,  Ucrânia,  e Uzbequistão (Israel 2023).    

[2] O texto e as ideias aqui contidas não representam a opinião do Ministério das Relações Exteriores.

[3] Lone soldier é um soldado das forças armadas israelenses sem ou com pouca estrutura familiar para apoiá-lo. São considerados lone soldiers os novos imigrantes, voluntários de outros países, órfãos ou indivíduos de famílias em situação de vulnerabilidade emocional ou social. Existem cerca de 7.000 soldados nessa situação servindo às forças armadas de Israel – dentre esses, 45% são novos imigrantes, como no caso da brasileira Bruna Valeanu.

[4] A bela e amada Karla, uma defensora da liberdade, foi um prazer e um privilégio dividir com você milhares de experiências de alegria ao redor do mundo.

[5] O governo brasileiro repudia e condena, de forma inequívoca, os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro, bem como a tomada de reféns civis. Entre as vítimas, encontram-se cidadãos brasileiros, três dos quais foram assassinados em Israel [...].

[6] Rescue Union (https://israelrescue.org/) é uma organização de voluntariado sem fins lucrativos que atua na resposta rápida a emergências médicas em Israel, independente de religião, gênero ou etnia.

[7] Dados do Central Bureau of Statistics de Israel mostram que o país possui população relativamente jovem, com 31,4% dos habitantes abaixo de 15 anos de idade, o que contribui para uma pirâmide populacional em expansão, indicando alto potencial de crescimento futuro. A faixa etária entre 15 e 64 anos representa 62,1% da população, compondo a força de trabalho ativa e contribuindo significativamente para a economia. Já a parcela da população com mais de 65 anos é de 6,5%, um número relativamente baixo em comparação com outros países desenvolvidos.

[8] …o estudo da migração deve, por conseguinte, reconhecer a experiência subjetiva e incorporada da mobilidade, bem como os seus aspectos mais formais de passagem das fronteiras internacionais ou de obtenção de um estatuto migratório específico.

[9] Em 10 de outubro de 2023, a escritora Lilian Fontes Moreira publicou em seu Facebook que Bruna era filha de seu primo Armando Fontes Neto, que não é judeu.

[10] Diante de um cenário de incerteza, medo e insegurança, muitos brasileiros – tanto turistas quanto membros da comunidade brasileira que vivem em Israel – acionaram a embaixada e solicitaram ajuda do governo brasileiro para saírem do país. O que se seguiu aos pedidos foi a execução da maior e mais rápida operação de repatriação da história do país, que resultou no transporte de 1.413 brasileiros e seus familiares entre os dias 10 e 22 de outubro de 2023.

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Recebido: 17 de junho de 2024

Aceito para publicação: 25 de junho de 2024

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