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Análises de Conjuntura

Da mineração à ação climática

O caminho que o Brasil deve pavimentar na COP30

A COP30 será julgada pela capacidade de transformar metas climáticas em ação real. Para isso, é essencial expandir com responsabilidade a oferta de minerais críticos e estratégicos (MCEs), garantindo acesso estável, previsível e ambientalmente correto aos insumos da transição energética. 

O Brasil é grande exportador de minérios, mas há descompasso entre o potencial geológico e o nível de industrialização, o que fragiliza a segurança mineral. Terras raras ilustram o desafio: reservas relevantes e produção incipiente.

Ainda assim, temos um tripé competitivo: diversidade geológica, matriz elétrica de baixa emissão e legislação ambiental robusta. A agenda que o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) propõe conecta esse potencial a uma política industrial e climática que atraia capital verde, com governança em níveis local, nacional e internacional orientada por sustentabilidade e equidade.

Isso envolve transparência no uso da CFEM (taxa de compensação pela extração mineral) e integração da renda mineral a políticas territoriais de infraestrutura, educação e diversificação econômica, além de um pacto de rastreabilidade para os MCEs, uma infraestrutura digital que conecte dados da Agência Nacional de Mineração, Ibama, Receita Federal, municípios e empresas; e modernizar a logística, com mais ferrovias e hidrovias, biocombustíveis e eletrificação.

Para o IBRAM, a COP30 é a chance de firmar um modelo brasileiro para os MCEs que una descarbonização, inclusão e competitividade: uso de eletricidade limpa; economia circular; tecnologias que reduzam impactos e emissões e métodos que substituam barragens. Essa pauta precisa constar do programa oficial e nos eventos paralelos, com rastreabilidade como premissa, finanças sustentáveis, cooperação entre países, fortalecimento de centros de pesquisa e metas para logística de baixo carbono.

O IBRAM coordena iniciativas permanentes na agenda de clima, com foco em quatro frentes que orientam a atuação do setor: mercado de carbono aplicado e desenho do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, financiamento climático para projetos de baixo carbono, papel dos MCEs na pauta da COP30 e adaptação às mudanças do clima no contexto minerário.

Entre as metas objetivas, destacam-se: na energia, ampliar em 15% as fontes renováveis. Em conservação, aumentar em 10% a razão entre áreas protegidas e áreas impactadas. Na água, reduzir em 10% o uso específico de água nova. Em adaptação, fomentar a elaboração de 25 planos em cidades mineradoras. Em descarbonização, atuar simultaneamente na redução das emissões diretas e ao longo da cadeia do minério de ferro e na viabilização de soluções para a transição energética por meio dos MCEs.

Recebido: 10 de outubro de 2025
Aceito para publicação: 29 de outubro de 2025

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